Primeiras inspirações para 2016

2015 foi um ano turbulento! País em crise, escândalos políticos, desastres ambientais, atentados pelo mundo a fora … motivos não faltaram para que muitos desejassem seu fim, não é mesmo? Mas em meio a tanta confusão, há algo de surpreendente em 2015: ele foi um ano de reflexões. Sim, um ano complexo, de discursos inflamados e bandeiras importantes sendo levantadas. Um ano que permitiu questionamentos, quebra de antigos paradigmas, pequenas, porém, relevantes mudanças de atitude. Aqui ou em qualquer lugar do mundo, 2015, com suas crises e tragédias, não podemos negar, foi um ano marcado pelo início (pelo menos mais intensamente) de uma pequena e necessária revolução.

Falamos de muitas coisas. Reivindicamos direitos, questionamos padrões de beleza, riqueza e estilo de vida, nos mostramos mais preocupados em resgatar as relações humanas, passamos a olhar com mais carinho para o “compartilhar”, permitimos que o “simples” voltasse a fazer parte das nossas vidas, percebemos que sozinhos dificilmente conseguiremos avançar ..

Foram muitos assuntos, muitas discussões. Da inclusão das minorias à forma de criar nossos filhos; dos cuidados com o meio ambiente à preocupação com nossa alimentação; do sucesso na carreira ao tempo que passamos com nossas famílias … Uma verdadeira enxurrada de temas que invadiu nossas vidas e nos fizeram refletir. E refletir é um caminho sem volta. Que ótimo, porque significa que estamos nos perguntando mais, buscando o verdadeiro valor das coisas e é por esta razão que este texto nos pareceu perfeito para iniciarmos nosso bate papo por aqui.

Ainda é cedo pra tirarmos conclusões, mas nos parece que pouco a pouco o mundo vai mudando de rumo. Estamos repensando nosso jeito de viver, buscando alegria e satisfação nas pequenas coisas da vida, voltando a dar valor ao que de fato interessa. Dia após dia, estamos nos dando conta de que os pequenos momentos são os que geram as melhores e mais importantes recordações e que são eles, no final das contas, o alicerce de tudo o que construímos.

Portanto, neste primeiro post do ano, queremos desejar a todos um 2016 com muitos encontros, muita presença e muita alegria. Que nenhuma crise ou fatalidade, nenhuma tragédia ou escândalo seja maior do que a nossa vontade de construir um mundo mais humano, mais justo e mais feliz. Que nossas reflexões não parem jamais, que questionemos sempre os padrões impostos versus a nossa real felicidade e que ao final nossa conclusão não seja outra senão a de que as melhores coisas da vida estão longe de serem coisas!

Um brinde ao começo de um ano cheio de oportunidades!

Um beijo

Andrea e Anna

As melhores coisas da vida não são coisas

RITA LISAUSKAS

29 Dezembro 2015 | 17:06

Não preciso de muito para ser feliz no ano novo.

Já desejei que o ano novo chegasse com mais dinheiro. Também já quis que ele trouxesse um trabalho mais desafiador. Já pedi, claro, por saúde para mim e para a minha família. Mas desde que me tornei mãe só quero uma coisa: que meu filho seja feliz. Claro que no ano novo preciso de dinheiro, trabalho, realização profissional, boa saúde. Mas me vejo desejando cada vez menos as coisas que eu costumava ambicionar. Não quero carro novo. Nem mais limite no cartão de crédito. Roupas novas? Nope. Apartamento na cobertura? Não, obrigada. Chegar ao topo da carreira? (E passar menos tempo com a minha família?) Nem pensar.

Mas nem sempre raciocinei assim. Meu filho estava com três anos quando me deu a primeira dica de que o trabalho, mesmo bem remunerado e legal, não era tudo. Ele queria saber porque eu nunca estava em casa e, quando estava, não saía de frente do computador. “Mamãe trabalha tanto para poder te comprar Yakult”, respondi, espertíssima ao fazer a relação mais simplista entre trabalho e dinheiro que encontrei. “Então não quero mais tomar Yakult, mamãe”, decretou. Cataploft. Caí do salto, mas continuei abraçando todas as oportunidades que surgiam porque o dinheiro nunca foi para o leite fermentado e sim para o financiamento do apartamento, a escola, o judô, a natação e todas as outras coisas – e eram várias – que eu achava que precisava ter para ser feliz.

Mas chegou a crise, aquela que a imprensa não nos deixa esquecer nem por um minuto. Tivemos de fazer, como a maioria das famílias brasileiras, cortes, trocas e concessões. Não trabalhei todos os meses do ano, a renda caiu, o cinto apertou. Não fizemos grandes viagens, não nos demos ao luxo de nada supérfluo. Mas não deixamos de ser felizes, pelo contrário. Ganhei do meu filho um desenho lindo no dia do meu aniversário. Um beijo do marido no dia em que completamos mais um ano de casados. Papai Noel veio, como todos os anos, mas trouxe presentes apenas para as crianças. Descobri que, ao contrário do que imaginava, eu não precisava de mais nada. Nada que o dinheiro pudesse comprar.

E se a crise surrupiou nossa renda ela nos devolveu, em troca, o tempo, essa commodity contemporânea. Assim como a soja ou o petróleo, cujo preço é determinado pela oferta e procura internacional, o tempo está supervalorizado porque é cada vez mais escasso no dia a dia de uma mãe. Samuca, feliz da vida, tem se sentido um investidor da bolsa em época de realização dos lucros. Sábado passamos o dia no mar. Depois fomos ao parquinho. Ontem fizemos brigadeiro e assistimos aos seus desenhos favoritos. Hoje fizemos lasanha e já estamos de saída para o fliperama. O tempo está escasso, mas só para escrever esse post, o último do ano. Que em 2016 a gente perceba, finalmente, que as melhores coisas da vida não são coisas.

Fonte: http://bit.ly/1PlOeGs

Deixe uma resposta